Na Eurocopa de 2016, um confronto explosivo entre torcedores russos e hooligans ingleses tomou as manchetes. Esse embate ultrapassou os limites das quatro linhas e transformou as ruas em verdadeiros campos de batalha entre duas culturas de torcidas famosas pela sua paixão e, às vezes, violência. A cena se desenrolou nas ruas de Marselha, na França, cidade que recebeu a partida entre Rússia e Inglaterra.
Para entender o porquê dessa rivalidade, precisamos voltar no tempo. Os hooligans ingleses já tinham uma reputação de comportamento agressivo, com décadas de incidentes em estádios e fora deles, especialmente nas décadas de 1970 e 1980. Por outro lado, os torcedores russos chamavam a atenção internacionalmente por sua violência organizada e extrema.
Marselha foi o epicentro dessa colisão. No dia 11 de junho, antes do jogo começar, as ruas já ferviam. Bares e pubs estavam lotados de ingleses cantando e bebendo, enquanto grupos de russos se preparavam silenciosamente para o confronto. A tensão era palpável. Quando finalmente se encontraram, o que se viu foi uma batalha campal. Garrafas voavam, cadeiras se transformavam em armas improvisadas e socos eram trocados sem piedade.
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A polícia francesa, apesar de preparada, foi pega de surpresa pela intensidade e organização dos confrontos. Os russos, em especial, brigavam com coordenação e tática, características de grupos treinados para esse tipo de conflito. Em contrapartida, os hooligans ingleses, conhecidos por seu espírito indomável, não recuaram.
As cenas de violência em Marselha foram chocantes, acarretando prisões e dezenas de feridos. O Governo inglês ofereceu enviar força policial extra para a França durante o evento, e a UEFA ameaçou desclassificar as seleções caso as brigas voltassem a acontecer.
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Esse episódio levantou uma série de questões sobre a segurança em grandes eventos esportivos e a capacidade das autoridades em controlar torcidas violentas. Nos dias de hoje, a presença policial se intensificou ao redor dos estádios, autoridades internacionais começaram a cooperar entre si, trocando informações sobre torcedores com histórico de comportamento violento, e organizadores criaram áreas separadas especialmente para as torcidas, além de campanhas educacionais contra a violência.
Apesar dessas medidas, confrontos recentes como o que rolou entre torcedores sérvios e ingleses na UEFA Euro 2024 ainda ocorrem nas ruas, e trazem à tona debates sobre o impacto cultural e social do futebol, onde a paixão pelo esporte, às vezes, se transforma em hostilidade destrutiva.
No final, o episódio de 2016 entre os russos e os hooligans ingleses é um lembrete sombrio de que, embora o futebol seja capaz de unir nações, ele também pode ser um palco de conflitos intensos quando a paixão extrapola os limites da civilidade.