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4 de jun. de 2024

Grêmio: o Imortal Tricolor faz jus à alcunha que carrega

Após sofrer a maior catástrofe da história do Rio Grande do Sul, o Grêmio faz do futebol sua força

por

Fabíola Torres

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Mais de 23 mil gremistas acompanharam o jogo contra o The Strongest pela Libertadores, na quarta-feira, 29 de maio. O Couto Pereira, estádio do Coritiba, até lembrava o Olímpico – saudosa cancha tricolor fundada em 1954 que fechou as portas em 2013 – e, nessa noite, os deuses do futebol escolheram um lado. Das tribunas, os cantos de alento ecoavam e a voz do torcedor vibrava alto. O placar de 4 a 0 deu um suspiro de alívio e principalmente de orgulho ao time gaúcho.

Talvez o mundo tenha parado naqueles 90 minutos de bola rolando e, quem sabe, os torcedores quisessem esquecer por alguns segundos as últimas semanas. Mas a cada passe, a certeza era de que todo o Rio Grande estava dentro de campo. “Não tá morto quem peleia” já dizia o gaúcho bagual, e foi como o Grêmio encarou o adversário e suas próprias adversidades, numa noite nada comum de Libertadores.


Foto: Rui Barbosa

A segunda casa debaixo d’água

Porto Alegre viu a enxurrada desaguar no rio Guaíba - elevando o seu nível dois metros acima da cota de inundação. Passaram-se três, quem sabe, quatro dias, desde o começo do aguaceiro e no dia 3 de maio, sexta-feira, o aeroporto da cidade fechou. Ninguém sai, ninguém entra. No dia seguinte, o gramado da Arena do Grêmio – um dia verde – foi tomado pela água suja e barrenta que levou Porto Alegre ao fundo.



Foto: PELEJA

Enquanto a cidade entrava em colapso, as pessoas se voluntariavam para ajudar. O desespero era geral, mas não faltaram braços para resgates, muito menos pessoas indo aos abrigos – que se formaram tão rápido quanto as águas entraram na cidade – para oferecer apoio. Jogadores da dupla Gre-Nal como Rochet, Caíque, Diego Costa e Mercado saíram do tapete verde para entrar para história gaúcha. O futebol não cabia mais do jeito que era, ele precisava ser mais. Ele precisava estender a mão e olhar nos olhos.

 

Tudo ruía e a chuva não dava trégua. A água castigava a cidade que já duvidava se merecia o “Alegre” no nome. O entorno do estádio do tricolor gaúcho, símbolo de glórias e paixões, viu-se submerso pelas correntezas que se formavam no Guaíba. O bairro Humaitá, onde fica a Arena, sucumbiu à enchente. A capital dos gaúchos apagou.


Foto: PELEJA

A mão que o Brasil estendeu

A notícia se espalhou rapidamente e a resposta foi quase que imediata. Clubes de todo o Brasil, rivais e amigos, enviaram mensagens de apoio. A solidariedade não conheceu fronteiras. Diversas campanhas foram criadas, doações e transporte de resgate chegaram ao socorro de quem precisava sair das áreas alagadas.

Porém, no meio disso tudo, existia um calendário de jogos que precisava continuar – com ou sem os clubes porto-alegrenses. O Grêmio teve de sair da sua casa, abandonar a Arena e seus arredores tomados por lixos, com destroços carregados pelas águas, para viajar e tentar se manter são no meio do caos.

Quando Renato Gaúcho encheu os olhos de lágrimas e afirmou “Quem tá no meio do furacão, sabe o que tá acontecendo”, ele sabia o que tinha visto. Ninguém poderia esquecer tamanha força atroz natural, obrigando a todos a sair, a nadar, a correr, a se salvar.  Aquela entrevista coletiva do dia 24 de maio representou um murmúrio geral, daqueles que não sabiam como continuar a vida sem que ela mesmo não existisse mais. 


“A chuva não para. As pessoas fora do Rio Grande do Sul acham que depois que as águas baixam, tudo volta ao normal. Não volta. Muitas pessoas perderam tudo, como elas vão fazer?!”


O Imortal Tricolor mais uma vez imortal

Foi preciso seguir, o futebol não poderia parar - disseram. A resposta veio, da forma mais imprevista possível, uma goleada inesperada que só existia nos sonhos de cada gremista que estava no Couto, em casa ou até mesmo em algum abrigo do rincão gaúcho. Mesmo em meio à adversidade, o tricolor apostou toda a força que restou. Quando se olha para trás, também se olha para frente. Um time que não esquece de onde vem, sabe para onde vai. O Grêmio se consagrou imortal duas vezes: quando, em 1953, Lupicínio Rodrigues profetizou na letra do hino que o clube não morreria jamais; e quando em meio à maior catástrofe sofrida em sua história, escolheu resistir.


Foto: CONMEBOL Libertadores

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