Em pleno fevereiro do ano de 2018, a cidade de Salvador pegou fogo de forma pulsante e intensa. Tudo bem que isso costuma ser natural nessa época do ano, afinal o Carnaval da cidade atrai turistas do mundo todo para esse evento gigante reconhecido mundialmente. Mas, dessa vez, a confusão não tinha nada a ver com festas, cerveja e trio elétrico. No dia 18 daquele mês estava marcado para acontecer o enorme clássico entre Bahia e Vitória pelo Campeonato Brasileiro. Esse confronto já é especial pela rivalidade em si, mas aquele jogo em específico ia marcar a volta das duas torcidas no estádio, provando que as confusões e brigas de torcida tinham ficado no passado. Esse seria o ‘BaVi da Paz’.
Antes do apito inicial, os jogadores de ambos os times se abraçaram num lindo e simbólico gesto, mostrando a união que o futebol pode proporcionar e emocionando os espectadores. Mas quando a bola rolou, a chave virou e o clima também. Denilson abriu o placar para o Vitória e, no início do segundo tempo, Vina empatou de pênalti. Na comemoração, o meia se virou para a torcida rival e fez sua tradicional dancinha do ‘créu’. O gesto irritou os jogadores do Vitória que partiram pra cima do meia e isso desencadeou uma batalha campal.
A briga, a confusão, as famigeradas ‘cenas lamentáveis’ duraram intensos 16 minutos. Foram socos e pontapés distribuídos de todos e para todos os lados. Quando a batalha foi finalmente controlada com ajuda da polícia, o saldo era de 7 cartões vermelhos ao todo: 3 para o Vitória, 4 para o Bahia (sendo 2 para jogadores reservas). O jogo recomeçou.
Quando parecia que finalmente o clássico teria um prosseguimento normalizado, mais 2 jogadores do Vitória receberam um cartão vermelho. Uillian Correia deu uma entrada muito forte e Bruno Bispo retardou a cobrança. Com os 2 expulsos, o Vitória passou do limite mínimo exigido de jogadores em campo e a partida foi encerrada com a vitória do Bahia por W.O. Depois disso, surgiram acusações de que as últimas expulsões do Leão tinham sido planejadas para acabar com o jogo que já estava uma bagunça. O técnico Vagner Mancini foi acusado de ter mandado Bruno forçar o 5º vermelho da equipe.
A confusão foi parar no TJD e todos foram absolvidos das acusações. O Vitória chegou a correr risco de rebaixamento caso condenado, mas foi obrigado apenas a pagar uma multa de R$100 mil. Vale ressaltar também que o ‘BaVi da Paz’ ainda teve 13 torcedores detidos por confusões antes e depois da partida.
Condenado ou não, a torcida do Bahia não aceitou esse caso dessa forma. O dia é lembrado pelos torcedores como “a fuga das galinhas”, o dia em que ‘as galinhas’, como eles se referem aos torcedores do Vitória, fugiram do clássico.
E até hoje essa provocação segue muito viva e quente. No BaVi dessa semana, a torcida tricolor fez uma festa imensa na Fonte Nova e levantou um mosaico com uma mensagem provocativa mais que direta pra torcida do Vitória e que não requer muita explicação: “não fujam”.
Dessa vez, no fim da partida deu tudo certo pro lado provocador, vitória - ou melhor - triunfo do Bahia sobre o rival e nenhum cartão vermelho.