Bruxa, leão, urso, bode, canhão, fogo, âncora, flores... você já deve ter visto escudos e mascotes de times com essas figuras em posição de destaque. Os elementos escolhidos para simbolizar os clubes são diversos e, geralmente, carregam consigo mais significados do que aparentam.
Os escudos europeus, por exemplo, costumam ter muitos componentes e, quase sempre, todos se relacionam com a cidade de origem do clube ou os anos iniciais de atividade. Já os sul-americanos, principalmente os brasileiros, representam suas histórias com menos itens nos seus distintivos, os mesmos casos dos times asiáticos e africanos.
Um dos que ilustram muito bem a tendência europeia de colocar um pouco de cada coisa no escudo é o do Sevilla.
O maior campeão da Liga Europa tem sua história completamente entrelaçada com a da sua cidade.
Um dos seus apelidos mais tradicionais é "palanganas", que foi dado após uma polêmica nos anos 20. Naquela época, o Sevilla não aceitou um jovem jogador de origem pobre e causou a saída de metade da diretoria, que posteriormente criou o Real Betis, seu grande rival. Como provocação, os novos adversários enviaram uma palanga (bacia) com uma toalha para que os dirigentes sevillistas enxugassem as lágrimas.
Ao longo da história, o clube teve apenas dois escudos e há quase um século não faz grandes alterações - as últimas foram nas cores e pequenas modernizações dos elementos.
Os santos Fernando, Isidoro e Leandro, padroeiros da cidade e presentes quase que de forma idêntica no brasão da cidade, podem ser vistos no canto superior esquerdo.
No lado direito, as iniciais do clube S(evilla) F(útbol) C(lub), que fazem parte do emblema desde o primeiro modelo, feito em 1908, estão entrelaçadas.
Em relação à cor das letras, uma curiosidade. Inicialmente eram vermelhas e mudaram para o preto no ano da Copa de 82, sediada na Espanha, para que os turistas pudessem vê-las de longe no mosaico do escudo feito por Santiago del Campo, um artista local, colocado no Ramón Sánchez-Pizjiuán, casa do clube.
No centro, uma bola antiga representa o futebol, principal modalidade da instituição.
A clássica combinação rojiblanca (vermelha e branca) também tem origem nas cores oficiais da bandeira da cidade.
Mas sobre isso existem duas versões. A primeira é de que a escolha por 6 listras vermelhas e 5 brancas se deu por ser a mesma quantidade vista na bandeira que carregava o rei Fernando III, conquistador da cidade de Sevilla, em 1248. A segunda tem a ver com o Sunderland, time inglês que tinha as mesmas cores da bandeira da cidade espanhola e, através do ex-capitão sevillista que morava no país vizinho, teria inspirado o uso do vermelho e branco no escudo e no uniforme.
O formato do escudo foi uma grande questão quando decidiram pela mudança radical, em 1921. Inicialmente pensavam em um parecido com o do Barcelona, mas o modelo suíço foi escolhido por ser mais estilizado; mesmo assim, o escudo catalão ainda serviu de inspiração: as duas divisões com elementos importantes e históricos na parte superior, a bola de futebol e as cores em listras na parte de baixo.
Outra figura conhecida pelos torcedores que iam ao estádio nos anos 2000 era a mascote do time, criada em 2005, ano em que o clube completou 100 anos. Locco, como foi nomeada, era um coração simples com braços e pernas. A escolha pelo coração representava a paixão da torcida. A mascote teve vida curta e parou de aparecer pouco tempo depois. Em 2019 um concurso foi lançado para que outra fosse escolhida, mas o resultado ainda não foi anunciado.
Além de ter um escudo mundialmente conhecido, principalmente pelos 6 títulos de Europa League, o Sevilla tem um história bem interessante e a grande habilidade de reunir e conquistar taças importantes com jogadores cheio de personalidade. Conheça mais sobre o time e essa característica marcante nesse episódio do Fora do Eixo.