O primeiro GreNal da história da Libertadores acabou em confusão. Para muitos, esses momentos representam o futebol sul-americano. E de certa forma, se pensar na frequência em que este tipo de briga acontece por aqui, eles não estão tão errados. No texto de hoje, o Peleja te conta a história de uma das brigas mais covardes entre brasileiros e argentinos.
Para falar dessa confusão voltamos para 1997, na final da Copa CONMEBOL, antiga Sul-Americana. Pelo lado brasileiro, o Atlético-MG recheado de craques, como Jorginho e Valdir Bigode, artilheiro da competição. Pelos hermanos, o Lanús, que defendia seu título de 96 e era liderado por um ídolo argentino: Oscar Ruggeri.
Escalação do Atlético-MG para a final da CONMEBOL. Foto: Reprodução.
Sob o comando de Emerson Leão, o Galo estava invicto na competição e era considerado o favorito para levar a taça. O primeiro jogo da decisão foi no Estádio Ciudad de Lanús, casa do time Grená e conhecido como La Fortaleza.
Porém, isso não intimidava o clube brasileiro, que tinha vencido todos os jogos fora de casa durante a competição. Mas logo aos 19 minutos do primeiro tempo, os argentinos mostraram que queriam mudar esse retrospecto. Com um chute de fora da área, Ibagaza abriu o placar depois da bola desviar e enganar o goleiro Taffarel.
Alguns minutos depois, viria o 2 a 0, quando a bola sobrou em um cruzamento para a área. Mas pela marcação de uma falta de ataque, o gol foi anulado para desespero dos argentinos. A partir daí, foi um baile atleticano.
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Aos 41, Bruno bateu de muito longe, mas o goleiro Romoli engoliu um frangaço e acertou 1 a 1. Na volta do segundo tempo, aos 11, uma bela jogada de Jorginho deixou Marques na cara do gol só para empurrar para a rede, mas antes dele, o zagueiro Serrizuela, na tentativa de cortar a bola, jogou ela para dentro – virada do Galo.
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Quatro minutos depois, outro chute de muito longe, mais uma ajudinha do goleiro e Hernâni ampliou para 3 a 1. Pra fechar a conta, – e o baile – depois de um cruzamento e a última falha de Romoli, a bola caiu para o artilheiro Valdir, sozinho, fazer o quarto gol.
Com o jogo controlado e a vitória garantida era só esperar o apito final, fazer as malas e decidir em casa. Só que não. A batalha mais marcante daquele dia aconteceu depois do fim da partida.
Jorginho, meia do Atlético, quis pegar a bola para guardar de lembrança. E isso irritou os jogadores do Lanús, que partiram pra cima do brasileiro. Na tentativa de apartar essa confusão, pelo menos quatro membros da comissão do Galo ficaram feridos.
Momento em que a confusão se inicia. Crédito: Reprodução
O grande problema é que Jorginho tentou correr para o túnel, mas ele e seus companheiros ficaram encurralados entre o mar de argentinos enfurecidos e o alambrado. Roberto, meia do Atlético, foi jogado contra a grade e enquanto apanhava dentro do campo também levava chutes da torcida pelo lado de fora.
“Foi uma covardia o que fizeram com o nosso time, que apenas jogou futebol. É lamentável. O brasileiro vem aqui e apanha pra caramba.” – contou Doriva depois da confusão.
Um dos que levaram a pior foi o técnico Emerson Leão. O treinador levou um soco de um diretor do Lanús e teve o osso da maçã do rosto fraturado.
Leão precisou passar por uma cirurgia após ser atingido na briga em Lanús. Foto: Reprodução/TV Globo
“É um time de mau caráter, como todos da Argentina, que me desculpem os outros, mas é a realidade” – disse Jorginho.
Na época, o time do Atlético reclamou muito da negligência da polícia que demorou para intervir na briga. A indignação era tanta que a equipe mineira saiu do estádio e foi direto para a delegacia registrar um boletim de ocorrência.
No jogo de volta, em solo brasileiro, a final foi decidida só na bola: 1 a 1 e Galo campeão pela segunda vez -- maior vencedor da história da Copa CONMEBOL. Essa treta foi histórica e acirrou ainda mais a rivalidade entre Brasil e Argentina.