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22 de ago. de 2024

Por dentro das torcidas: Tricolor Nas Ruas

A cultura de stickers, adesivos em português, já é até antiga no futebol. Sendo impossível de precisar onde e quando o movimento de espalhar adesivos de uma torcida por aí, a onda dos stickers é geralmente ligada aos grupos de Ultras da Europa, principalmente na Alemanha.

por

Pedro Brienza

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Com uma cena de punk fortíssima desde a década de 70, adesivos de bandas também se tornaram populares nas paisagens urbanas de Berlim e Hamburgo, por exemplo. Com o tempo, essa cultura começou a fazer parte dos grupos de Ultras que frequentavam os estádios da Bundesliga e se tornou mais uma maneira de se impor contra adversários e marcar territórios.


Viajar pela Europa para jogos de Champions League e encher capitais mundiais com adesivos em alusão à famosa Muralha Amarela é um dos hobbies favoritos dos torcedores do Borussia Dortmund até hoje.


Mas esse movimento não é exclusivo dos europeus, cada vez mais se vê Barras e Torcidas sul-americanas incorporando aos seus materiais de viagens páginas e páginas de adesivos para serem espalhados em postes, placas e janelas de ônibus pelo continente. 


Um dos maiores representantes desse movimento no Brasil é o Tricolor Nas Ruas, ligado à Torcida Independente do São Paulo. O coletivo que surgiu em 2015 e se estabeleceu só em 2022, espalha a cultura dos stickers nas redes sociais e a imagem do São Paulo pelo mundo.



Stickers colados e divulgados pela Tricolor Nas Ruas no Estádio Gran Parque Central, em Montevidéu. (Reprodução/Instagram)

“A maior referência pra gente sempre foi a própria Independente que sempre produziu adesivos pra vender na sede, mas como os adesivos “oficiais” são maiores e normalmente um pouco caros para ficar colando pela rua, nós optamos por criar nossas próprias artes com referências ao SPFC e a Torcida Independente”, explicou um representante do coletivo ao PELEJA.


O grupo, que conta com cerca de 30 pessoas, se conecta para produzir as artes e angariar fundos para a produção dos adesivos. Só que além de se unirem por esse movimento, destacam que a orientação política do grupo é fundamental para essa manifestação: “Acreditamos que qualquer cultura de rua deveria estar ligada ao antifascismo uma vez que são movimentos que sofrem bastante repressão do sistema”, explica o representante. 



Stickers colados e divulgados pela Tricolor Nas Ruas com mensagem antifascista e soldado da PM-SP ao fundo. (Reprodução/Instagram)

Essa ligação não é exclusiva das torcidas brasileiras, na Europa e pela América do Sul, grande parte dos grupos que veem no sticker uma maneira de ocupar um espaço tem sua visão política bem estabelecida. No caso dos tricolores, a ligação com o grupo ‘Bonde do Che’, braço antifascista que integra a Torcida Independente, rege o direcionamento das artes e das mensagens compartilhadas nas redes. 


Apesar de muito rica, a cultura dos adesivos de torcida carrega debate, já que qualquer intervenção em espaço público ou privado é até criminalizada em determinadas regiões do mundo e considerada uma subcultura por parte da sociedade, assim como outras manifestações de arte urbana, como a pichação e o grafitti. 



Stickers representando a união entre as principais organizadas do Cruzeiro e do São Paulo no Mineirão. (Reprodução/Instagram)

Além da Tricolor Nas Ruas, diversos grupos ligados às maiores organizadas do Brasil também estão dedicados aos stickers e intervenções urbanas como o Stickers NICV, da Nação Independente, do Internacional, o Stickers 1921, do Cruzeiro, CRFSticker, do Flamengo, Stickers Jovem Sport, de Recife e o Stickers 91, um dos maiores do Brasil ligado à Leões da TUF, do Fortaleza.

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