Comemoração tem limite? Já há algum tempo, a prática tem sido passível de cartão amarelo a depender da intensidade. Mas houve uma época em que provocar o adversário depois do gol era uma das coisas favoritas dos atacantes e da mídia. O único problema, era a reação do time adversário. No texto de hoje, o PELEJA te conta a história de uma comemoração que resultou em uma das maiores tretas da Libertadores.
Em 2004 o América do México iria enfrentar nas oitavas de final da Libertadores o poderoso campeão paulista daquele ano. São Paulo? Corinthians? Nada disso. Era o São Caetano.
Finalista da mesma Libertadores de 2002, o Azulão treinado por Muricy Ramalho tinha acabado de desbancar os grandes no estadual e vinha forte no torneio continental. Só que esse confronto envolvia muita coisa.
Já na fase de grupos, os dois times também se encontraram e o América venceu nos dois jogos, e nesses encontros rolou muita provocação. Pelo lado dos mexicanos estava o atacante Blanco, ídolo do América e ex-jogador da seleção do México.
Cuauhtémoc Blanco, um dos grandes ídolos dos azulcremas. Foto: Reprodução.
“O Blanco já tinha arrumado confusão desde o primeiro jogo, na fase de grupos, já era uma rivalidade…” – contou Anderson Lima, defensor do São Caetano ao UOL.
Só que quando os times se enfrentaram de novo, agora nas eliminatórias, a história começou diferente. O São Caetano venceu o primeiro jogo das oitavas por 2 a 1 e jogou toda a responsabilidade pro adversário.
No jogo da volta, a atmosfera era assustadora. O Estádio Azteca, um templo do futebol mexicano, estava completamente lotado. Com 70 mil torcedores de camisas amarelas, o América abriu o placar e estava se classificando pelo critério do gol fora. Até que no segundo tempo, Triguinho recebeu na entrada da área e empatou o jogo.
Depois do empate, o clima foi esquentando, e toda a rivalidade e provocação entre os jogadores também foi aumentando. Só que no último lance do jogo, as provocações viraram outra coisa. Depois de uma falta de ataque, o América reclamava com o juiz. Até que Blanco, um dos mais irritados em campo, perdeu a cabeça e disparou uma cotovelada em Anderson, do São Caetano. O atacante foi expulso, e poucos minutos depois, fim de jogo.
Assim que o juiz deu o apito final, os brasileiros se reuniram no centro de campo para comemorar. Mas preste atenção na comemoração do camisa 20, Fábio Carvalho. Ele estava imitando uma águia, mascote oficial do clube mexicano e uma das comemorações de Blanco.
Momento em que Blanco faz a comemoração e desencadeia a briga. Crédito: Reprodução.
“Blanco fez o gol aqui no Brasil e ficou imitando, sei lá se era uma galinha, e o nosso time todo ficou muito bravo. O Fábio queria provocar ele, não a torcida.” – contou Fabiano, goleiro do São Caetano.
Mas não foi isso que os mexicanos entenderam. Todo time do América e a torcida, que estavam revoltados com a eliminação, invadiram o campo para pegar os brasileiros. Depois daí, virou zona de guerra. Os torcedores arrebentaram o alambrado e partiram para cima com barras de ferro, e sim, um carrinho mão.
Os torcedores usaram a força e os objetos que encontravam para atingir os policiais e jogadores. Crédito: Reprodução.
“Quando a gente tentou entrar no vestiário, a porta estava trancada, eu lembro que a gente teve que meter o pé pra arrebentar.” – disse Fábio.
Depois de quatro horas presos no vestiário, o elenco do time paulista finalmente conseguiu ser escoltado até o hotel com a vaga para as quartas e uma grande história para contar.